segunda-feira, 1 de setembro de 2008

sonho 2 - Dinheiro



Poutz!
o Alemão não é nada superticioso (escrivinhei certo?), mas de qualquer forma ele comprou uns incensos pra atrair dinheiro uhauhauhauh, e ontem a noite depois da janta acendi um deles, tem cheirinho de canela, e também espanta os mosquitos rsrs, muito bão!
Olha, se eu vou ganhar dinheiro não sei, mas sei que sonehi a noite toda com dinehiro, eu achava dinheiro na rua, colecionava moedas de todos os países, e até dinheiro dos outros eu achava hahaha, mas eu devolvia, porque eu sou um bom menino :p
è bacana como este sonho também foi um desencargo de conciência, eu tinha que decidir se eu devolvia o dinheiro pra pessoa ou ficava comigo, e isto apesar de parecer simples, no sonho era tão dificil, muito estranho.

Acordei varias vezes durante a noite, já que neste dia eu havia drormido até demais, e senti o cheiro de gás! Cara entrei em pâncio, havia esquecido o gá ligado, fiquei com medo até de ligar a luz e acontecer alguma explosão, que foda, vai saber quanto tempo estava aberto o gás da cozinha. E o pior que o botão que liga o gás estava por um milimitro no lugar errado, o que fez com que eu não visse que estava aberto! aff, essa foi por pouco... tô traumatizado agora, podia ter morrido dormindo, ou simplesmente ter ficado sem gás, já penso que tragico seria?

hehehehe

p.s: segundoo livro de sonhos achar dinheiro significaperigos e prejuizos comerciais, oooo beleza, ainda bem que sou falido já hehehe

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sonho 1 - Poderes


.. e eu era um x-man praticamente, nossa eu tinha os poderes iguais aos da vampira, que pra quem não conhece, ela um personagem dos X-mens que pode absorver a energia vital das pessoas normais e roubar os poderes dos mutantes. Então eu fazia tudo, era veloz, controlava o metal, indestrutivel, controlava o fogo e muito mais, um a um fui roubando os poderes, e derrotando os vilões hahahaha!

Nem vou procurar no dicionario de sonhos que tenho o que significa, tem melhor coisa que ser um super herói? Revigorante! seja lá o que for que signifique, tenho senso de justiça muito grande, gosto de ajudar a combater o mal >p.

sábado, 31 de maio de 2008

3 dias para recordar - epílogo

Os anos foram passando, e com eles ficava cada vez mais difícil se manter unido, entrei pra faculdade, o que consumia todo meu tempo, tive que largar os treinos de vôlei, que era mais uma das atividades que sempre freqüentávamos juntos. DM começou a trabalhar, ele sempre foi preocupado com isso, e eu sempre o admirei por isso, por varias vezes alguns empregos dele acabavam afastando da gente, e eu via a tristeza dele por isso, mas também sem dinheiro ele não poderia sair, até que um dia ele também conseguiu um bom emprego e foi inevitável o afastamento dele.

Mais um ano havia se passado, Ramirez a pedido da família viajou sem para a casa de parentes na região nordeste, sem previsão pra retorno, fiquei feliz por ele, pois era importante pro futuro dele, já sua família pretendia que ele fizesse faculdade lá. Depois de um bom tempo fora ele retorna, foi época de festas, ele começou a estudar e trabalhar, e mais uma vez poucas vezes via Ramirez. Certa noite resolvi contar a ele sobre minha sexualidade, e tive um grande e inesperado apoio, ele nunca tocou no assunto, foi como se ele sempre soubesse, ou que isso não fizesse diferença. Apesar de estarmos longe agora já que mudei de cidade, ele sempre me faz convites pra ir com ele a clubes, ou conversamos sobre jogos e computadores, coisa pela qual ele tem paixão, tanto que trabalha e estuda isso. A última vez que o vi foi a alguns dias, numa repentina visita aos meus pais, antes disso tinha o visto a meses atrás em minha formatura. Fiz questão de ir até o trabalho dele onde podemos conversar um pouco, eu vejo como o tempo não o muda, sempre com sorriso no rosto, sempre com o mesmo modo de falar e agir, é realmente uma pessoa muito especial pra mim a qual sempre posso contar.

Algum tempo depois foi a vez de Truga, por causa de alguns problemas familiares, seus pais resolveram ir embora da cidade, quando Truga me contou fiquei muito chateado, e passei a agir com indiferença com ele, não concordava que ele aceitasse tão bem a ida dele, se pra ele nem parecia fazer diferença, então imaginava que ele nem se importasse com nossa amizade. E assim ele foi embora, sem se despedir, sem deixar recado, depois com o tempo entendi que Truga era uma cara que se fazia de durão, e que no fundo estava sofrendo com tudo isso, mas não queria tornar a dor da partida ainda maior, e esse foi um jeito que ele encontrou, talvez antes dele sofrer por saudade ele preferisse sentir indiferente.

Pra minha surpresa, depois de muito tempo sem noticias de Truga, acabamos nos falando já que tínhamos seu primo como amigo em comum, e até recebi algumas visitas inesperadas dele, pois seu pai é caminhoneiro e de vez em quando volta à cidade a trabalho, de certa forma nos reaproximamos. Por obra do destino atualmente estou morando na mesma cidade de Truga, mas apenas depois de seis meses ele me liga, não estava no momento, mas alguns dias depois quando pude retornar, conversamos um pouco, ele sempre com o mesmo jeito, falando mais rápido que pode e eu quase sem compreender o que ele quer dizer, marcamos algo pra fazer qualquer dia desses, ele disse que me apresentaria umas “cocotas”, o que eu achei até engraçado, Truga sempre foi super tímido, e as freses rápidas e cheio de gírias o descrevem corretamente, ele nunca foi do tipo garanhão e também ainda não sabe que as minhas preferências não são lá muito grande pelas “cocotas”, alias ele é o único que não conversei sobre isso, talvez pelo seu jeito mais fechado mesmo e por ser uma pessoa que dificilmente mostra o que ta sentindo.

Como deu pra perceber, foi praticamente inevitável o afastamento dos meus amigos, com DM começou pela igreja, onde éramos os mais ativos, ajudando a comunidade, e desenvolvendo alguns projetos com outras pessoas, tudo isso até eu ficar sabendo de um boato de um garoto conhecido se afastar da igreja, ou melhor, virarem as costas pra ele por descobrirem que ele era homossexual, foi o que bastou para meu afastamento, não queria estar em um lugar hipócrita que prega o amor mas não o pratica, esperei finalizar meus projetos, e nunca mais voltei a participar da igreja. Depois de um tempo DM também começou a enxergar algumas coisas também que já comentávamos entre nós, e também acabou se afastando.

Por causa de compromissos tanto deles com trabalhos e namoradas e meus com faculdade, nossos encontros eram pouco freqüentes, mas continuamos firme e forte na amizade, em certa altura nas véspera de natal, um sofrimento que já era um pouco constante me fez escrever uma carta a DM, onde eu lhe revelava algumas coisas que eu escondia dele como eu mesmo havia prometido a muito tempo atrás, principalmente o fato de gostar de garotos, sobre os meus sentimentos em relação a ele eu não contei, e também não achei necessário, alias o que eu sentia por ele era realmente uma admiração muito grande, que em uma fase da vida acabei confundindo com sentimentos além disso, mas estava bem mais seguro quanto a isso.

Lembro que realmente achei que DM nunca mais voltaria a falar comigo depois daquilo, ele foi o primeiro amigo que contei coisas que até então eram intimas, mas ele como um bom amigo jamais me abandonou, queria me ajudar mesmo sem saber ao certo como fazer isso, no mesmo dia comemoramos o natal com uma grande festa, onde ele me fez perceber que minha amizade pra ele também era importante tanto quanto ele era pra mim, creio que ele já imaginava que eu tinha algo bem importante pra dizer, mas não conseguia, nem mesmo bêbado. Certa vez, um pouco alterado pelo álcool consegui apenas dizer que estava sofrendo muito e que estava fazendo consultas com uma psicóloga.

Mesmo relutando para que não acontecesse, continuávamos nos afastando, pessoalmente não temos contato a um bom tempo, mas sei que ele continua como sempre, namorando muito, afinal as garotas se derretem por ele, e fazendo muitos amigos com seu jeito brincalhão. Um amigo que realmente faz falta, às vezes penso que deveria ter me esforçado mais pra ficarmos mais próximos, mas também penso que isso nunca abalou nossa amizade, quando nos encontramos, é como se nada tivesse mudado, é só sorrisos e histórias. Aprendi a valorizar muitas coisas em minha vida, e a amizade foi uma delas, amo meus amigos, e guardo na memória momentos felizes com os mesmo, espero que eles saibam que sempre os lembrarei com muita saudade, e que meu amor por eles é eterno, bem como sei que um dia o sonho do DM ainda vai se realizar, e nós estaremos todos reunidos em sua casa em um grande jantar, contando histórias da vida que infelizmente não podemos compartilhar, e com certeza relembrando aventuras do dia em que quatro amigos resolveram passar três dias longe de casa.

3 dias para recordar - parte 8.


Por volta das três da tarde de domingo, o irmão de Truga chega com a caminhonete para nos buscar, mais que depressa colocamos tudo o que havíamos trazido para os três dias de acampamento, lona, cordas, bola, aparelhos de som, entre outras coisas. Era hora de voltar a velha rotina, por uma lado era bom, já estávamos num racionamento de comida forçado, nunca vi uns moleques tão esfomeados quanto Truga, Ramirez e DM, seria bom chegar em casa e comer de verdade.

DM ainda conseguiu aproveitar o tempo até a chegada da carona pra casa, mesmo com os garotos do bairro por ali, talvez as distrações na piscina o estivessem ocupando demais pra pensar em algo pra nos aterrorizar.

Assim que a caminhonete estava carregada com nossas coisas, era hora de partir, pulamos felizes para a traseira da caminhonete, e em meios a gritos e barulhos de comemorações, falamos para o irmão de Truga que ele já podia partir. Algumas aceleradas depois percebemos que a caminhonete não sai do lugar pra nossa mudança de expressões faciais instantâneas.

“Truga, o que ta acontecendo!?”

“Não sei não, vamos descer e ver o que ta acontecendo pessoal!”

“Não é possível! A gente tá atolado!”

“Vai galera, empurrem que meu irmão vai acelerar!”

“Não ta dando certo, ta atolando ainda mais, as quatro rodas estão atoladas!”

E não era à toa, o lugar feito para estacionarem os carros, antigamente era um banhado onde eles usaram vários caminhões de terra para cobrir, como no primeiro dia quando tínhamos chegado choveu muito, a terra agora parecia uma massa mole, somado com o peso das nossas tralhas e mais o nosso peso na caminhonete, fez com que as quatro rodas afundassem.

E não tinha jeito, se continuássemos tentando empurrar afundaríamos cada vez mais como estava acontecendo. Algum tempo depois muita gente foi se juntando em volta pra saber o que estava acontecendo, e de repente aquilo já era uma multidão. Era o que faltava, agora sim se os garotos quisessem, teriam motivos de sobra pra piadas durante um ano.

O pior de tudo é que cada um que vinha, trazia uma Idea, correntes na roda, empurrar, cavar, e nada dava certo. Já estávamos pretos de lama, e alguns caminhoneiros que estavam estacionados ali tentaram ajudar amarrando cordas na caminhonete e tentando tira-la do atolamento com o caminhão.

De início começou a funcionar, mas de repente, o próprio caminhão também deu sinais de que iria afundar e atolar, o chão estava muito macio, qualquer peso a mais fazia afundar como arei movediça. Depois de varias tentativas, já estávamos ali a mais de uma hora, e nada dava certo, até que colocamos a mão na massa, cavamos as quatro rodas e colocamos apoios de madeira, finalmente funcionou, conseguimos desatolar, e pra não correr o risco mais uma vez decidimos subir na caminhonete novamente só depois de estarmos perto do portão.

Agora sim, comemorando mais que nunca, nos despedíamos de vez do lugar por onde três dias vivemos momentos felizes que jamais esqueceríamos, nos conhecemos melhor, e nos unimos muito mais, com um ultimo olhar naquele balneário, tive a certeza que havia mais que valido a pena, e num pensamento alto solei um “Valeu a pena, não é?”

E com sorrisos e risadas, se entreolhamos e quase que em um coro, respondemos uns ao outros:

“FOI DEMAIS!”

A caminhonete balançava na estrada de terra, rumo á avenida mais próxima, e eu deitado e exausto admirava o céu, era um lindo domingo de céu azul, imaginava como seria bom poder dormir em minha cama, e relembrava todas os momentos que compartilhei risadas com meus amigos, e percebi o quanto era fácil ser feliz ao lado deles, e o quanto era importante eles estarem fazendo parte de minha vida.

Quando a caminhonete parava de tremer por ter já entrado na avenida principal rumo ao centro da cidade, já lembrava que no dia seguinte acordaria cedo, e começaria tudo de novo, os mesmos problemas em casa, no colégio, e me recordava da realidade que se aproximava, pensando se algum dia tudo isso voltaria a se repetir. Imaginava um dia quando todos nós estivéssemos mais velhos, assim como DM sempre costumava a me contar o que via em seu futuro, todos nós com uma vida muito boa, alguns com filhos, felizes, juntos em algum churrasco, em algumas férias, sem preocupações. E ao olhar os meus amigos cansados, depois de um bom papo durante a viagem, e imaginado se acreditariam em tudo o que nós passamos.

Alguns dias depois do acampamento, as histórias entre nossos outros amigos ainda continuavam, agora existia até uma paródia com a música da banda Ramones, onde a letra contava algumas das desventuras que só entenderíamos, e era engraçado ver as meninas cantando aquelas canções, que ouvíamos por mais alguns meses. DM, Ramirez, Truga e eu, continuamos a nos ver constantemente ao longo dos anos, mesmo eu mudando de colégio algum tempo depois, ainda assim sempre estávamos um na casa dos outro jogando vídeo games, e também tinha as reuniões dos jovens e adolescentes e gincanas na igreja onde sempre íamos, um motivo a mais pra se ver e se divertir.

3 dias para recordar - parte 7


Talvez com a mesma facilidade que tinha para atrair pessoas muito legais a minha volta, eu tivesse a infelicidade de atrair pessoas que vão além da definição desagradável. Nessa parte eu sempre me considerei um grande azarado, não entendia porque tanta gente pegava no meu pé, e insistiam em aterrorizar minha, fui vítima de bullying desde que me entendo por gente, sendo este é o termo utilizado nos dias de hoje pra descrever o ato de violência física e principalmente psicológica por parte de um grupo de indivíduos pra intimidar ou agredir alguém que não possa se defender.
Os primeiros sinais que surgiram em decorrência disso eu mal lembro, mais aos 3 anos eu rezava para um quadro na parede de casa, com uma foto de Jesus, onde pedia pra Jesus me fazer branco porque não queria ser negro, eram tantas piadas na creche e em todos os lugares que desde cedo me fizeram entender que ser negro era errado. Isso se repetiu algumas vezes até minha mãe me pegar xingando Jesus de "cocô de galinha" por ter me feito negro, isso eu mal lembro, mas ela insiste em contar a história pra todos.
Anos depois já na escola, eu via que não tinha muito com que meus amigos fazerem piadinha a meu respeito, porque ao contrario deles eu não tinha nariz grande pra ser chamado de algum pássaro, nem era pequeno pra ser chamado de anão, e muito menos ter passado por algum tipo de situação que gerasse um apelido que me constrangesse, então, eles pegavam no meu pé pela minha cor.
Esse grupo de garotos que moravam no meu bairro, eram o pior tipo de pessoas que já havia conhecido, além de serem racistas eram super homofóbicos, ou melhor, eles tinham preconceito de quase tudo, até a deficiência das pessoas eram motivo para piadas. Nunca briguei na escola, porém por muitas vezes isso quase ocorreu, sempre fui muito calmo mas como qualquer pessoa enfurecida perdia a cabeça, só que também não era burro, claro que eles nunca estavam só, sempre estavam em grupos e se eu resolvesse partir pra briga seria eu contra no mínimo 5.
Era um terror quando esses garotos estavam por perto, e se isso se limitasse somente na escola, mas não, eles tinham que morar justo no meu bairro, e claro que não era só eu que via eles como inimigos, por incrível que pareça, DM um dia chegou a ser grande amigo desses garotos, mas como ele mesmo disse, nunca era feliz, dentro do próprio grupo de amigos ele era vítima de piadinhas, entre outras coisas, ficou um bom tempo sozinho e depois nós acabamos nos conhecendo, vai ver nessa história toda foi até bom, porque descobrimos juntos o que é uma amizade de verdade, antes disso éramos solitários e imaginamos que a amizade se limitava á aquilo que víamos entre esses garotos e não gostávamos nem um pouco.
Minha preocupação ao ver esses moleques lá foi imediata, fiquei com medo deles quererem aprontar alguma pra cima da gente, e novamente eles estavam em maior número e longe de qualquer pessoas que pudesse impedi-los. Na escola a gente até tem um pouco de segurança devido aos professores, diretores, e nas ruas tem nossos irmãos, pais, vizinhos, apesar disso nunca ter impedido-os nem mesmo de agredir fisicamente, mas ali não tinha ninguém pra por limites neles.
Outra coisa que pensei de imediato era o fato de 4 garotos estarem ali acampando a 3 dias, obviamente se eles descobrissem essa informação, seria mais um motivo para piadas homofóbicas, e não seria a primeira vez, eles adoravam transparecer o que pra eles eram sinal de masculinidade e virilidade, caso alguém falasse alguma coisa que desse pra se entender em duplo sentido, era vitima de piadas incansáveis, ou seja, até mesmo para falar tinha que se ter a preocupação para se policiar com as palavras, caso contrário você sentira a dor do exílio e das piadas ofensivas.
A primeira coisa que fiz ao vê-los indo em direção da piscina foi fingir que não os conhecias, por sorte eles não me viram, então voltei a barraca onde DM apareceu minutos depois.
"Não precisa nem falar nada D, eu os vi entrando na piscina quando estava lá"
"Vão tomar naquele lugar cara! o que eles tão fazendo aqui? Não acredito! estava tudo tão bom até esses idiotas aparacerem, você sabe né DM o que vai acontecer se eles ficarem sabendo que acampamos aqui não é?
"Calma D, relaxa! Não vai acontecer nada, a gente tá indo embora daqui a pouco “
"Tomara mesmo, eu que não quero ser piada no bairro, já tô até imaginando todo tipo de coisa que eles podem inventar sobre nós quando chegarem no bairro, e pior que se isso chegar aos ouvidos de certas pessoas vai ser uma fofoca dos infernos!"
"Droga! Melhor que nós fazemos agora é deixar tudo pronto pra cair fora daqui, não me agrada nada também eles aqui, isso não vai dar certo, será que o Truga e o Ramirez já tão sabendo?"
"Creio que não, mas pra eles nem faz tanta diferença eu acho, até que aqueles otários nem pegam muito no pé deles, de qualquer forma é melhor achar o Truga e pedir pro irmão dele vir buscar a gente logo"

Entre nós quatro, o que menos tinha sido vitimas do garotos era o Truga, DM pelo fato de morar bem mais próximo de onde eles costumavam ficar acabou até por um bom tempo sendo parte do grupo, e até mesmo agia como eles, agredindo outras pessoas, mas como ele mesmo viu que isso o fazia se sentir muito mal, e depois de ser vitima também por ser mais novo, acabou até se isolando das pessoas por um tempo. Ramirez, também teve um contato maior com os garotos, ele era o típico garoto parasitado, eles iam a casa de Ramirez porque tinha piscina, vídeo games, e outras coisas que poucos garotos tinham, e não sei se era pior, ser parasitado e ainda por cima vitima de bullying, e não saber como expulsar os urubus de casa.

No meu caso pagava pra não vê-lo, sentia total repúdio, e tinha que conviver com aquilo diariamente, afinal éramos da mesma escola e classe .Como não restava outra alternativa o jeito era ir embora o mais depressa possível, se os garotos fossem ou não arrumar encrenca conosco, eu que não queria ficar pra descobrir.


[continua]

quarta-feira, 28 de maio de 2008

3 dias para recordar - parte 6


Nota: Depois de um tempo afastado do blog eu volto, mas podem ficar tranqüilos, não gosto de deixar coisas inacabadas :P, acabei me ocupando muito, e quando havia tempo não sentia que era o momento para escrever, mas podem deixar que vou terminar os últimos capítulos .

Sempre achei que um bom amigo nunca deveria esconder nada, compartilhar segredos é algo que faz parte de boas amizades. Claro que não é raro casos de inevitáveis paixões por alguém que você admira muito, porém quando se tem uma amizade em jogo, é difícil não sofrer de paranóias que no meu caso foram desnecessárias e bastante dolorosas.
Acho que como acontecem nesses casos de amores e amizades, obviamente nunca quis gostar de DM, se pudesse controlar meus sentimentos, claro que seria a ultima pessoa no mundo que direcionaria esses tipos de sentimentos. Só havia uma coisa que podia destruir essa amizade tão importante em minha vida, e era justamente o que estava acontecendo no momento.
Nunca fui bom com mentiras, e odiava quando tinha que responder coisas que não queria, mas DM era insistente, ele não desistiria até descobrir o que me chateava, tentar achar soluções para os problemas dos outros era uma característica dele, ele só queria fazer as pessoas a sua volta felizes. Se eu soubesse realmente qual era meu problema, e a quem pudesse pedir ajuda, com certeza contaria com DM, mas achava difícil que algum dia conseguiria fazer com que ele entendesse minha situação, mas consegui ganhar mas algum tempo com o bombardeio de perguntas dele dizendo que o acontecia comigo nem mesmo eu entendia, e que por isso preferia não dizer, mas que com certeza um dia ele seria o primeiro com quem compartilharia isso que buscava compreender.
Já era quase fim do segundo e penultimo dia de acampamento, no próximo dia que seria domingo, aquilo ali estaria lotado de gente, então tentei esquecer meus problemas, esquecer de pensar em alguma maneira de deixar de gostar muito de alguém e aproveitar um pouco o lugar, já que amanhã perderiamos um pouco a sensação de clube particular.

Por um momento decidi parar de pensar em alguns sentimentos como se fossem coisas ruins, afinal não podia ter culpa de senti-los, então tentei aproveitar ao máximo o resto do dia com meus amigos, joguei bola, contei piadas, nadei, fiz caminhadas e também fiz o que eu mais gostava, conversei muito com DM, era tão bom conversar com alguém que tinha tanto assunto em comum, e que compartilha de mesmas idéias e pontos de vista. Tinha sorte por ter tão bons amigos que me faziam feliz e me faziam enxergar coisas que não veria sozinho, queria parar de pensar coisas que me deprimissem, apesar de saber que seria dificil, mas iria fazer um esforço muito maior, afinal, a minha felicidade estava em jogo.
Decidi que não iria fazer nada para que algum tipo de relação além de amizade entre eu e DM acontecesse, porque definitivamente não era o que eu queria. Nunca vou entender ao certo isso, pois apesar de gostar de DM mais que um amigo, nunca quis mais que uma amizade sincera, talvez a dúvida que havia sobre mim mesmo acabaram fazendo com que confundisse meus sentimentos, ou até mesmo me tornando mais carente, alias, quem não quer amar e sentir-se amado.
Neste ultimo dia dormindo fora de casa, me sentia mais aliviado, pude perceber a sorte que tinha, e os amigos que me completavam, e nunca queria perder isso, o que realmente era importante pra mim, decidi que deveria tentar compreender e me conhecer melhor, e resolver o que sentia sem pressa, sem ter medo, porque talvez só assim, meus amigos poderiam me entender melhor e quem sabe me ajudar e me apoiar.
No domingo pela manhã, fomos surpreendidos pela quantidade de pessoas no local, claro que imaginávamos que muita gente iria até o local no fim de semana, mas não tanta quanto estavam no local e que não paravam de chegar. Também já não tínhamos quase nada para comer, juntamos uns poucos trocados que tínhamos pra comprar algo pra comer, em mais algumas horas o irmão de Truga viria nos buscar.
Estava satisfeito, apesar dos problemas e surpresas que passamos juntos, tinha concluído que este havia sido um acampamento inesquecível, até ter a infelicidade de esbarrar com outros garotos do nosso bairro, que não eram nada mais que nossos PIORES inimigos, e ter a leve impressão que em apenas algumas horas, o pacote de boas lembranças poderiam ir para os ares.

[continua]






segunda-feira, 21 de abril de 2008

3 dias para recordar - parte 5


Medidas urgentes pedem soluções drásticas, então depois de algum tempo pensando e sugerindo algumas idéias, logo foram aparecendo algumas que pareciam funcionar.
"E se a gente trocasse a nossa lâmpada queimada por alguma aqui do camping que esteja funcionando?"
"É isso Ramirez! mas como a gente vai fazer isso sem ser notado? sera que há alguma maneira?"
"Ramirez, você podia pegar a do banheiro perto da piscina! é claro, ninguém vai ver, e nós ficamos aqui fora vigiando, se aparecer alguém a gente faz algum sinal, tipo rir, ou cantar, sei lá..."
" Porque eu D? eu já dei a idéia...!"
"Ah Ramirez, é super fácil e você quase nunca ajuda em nada, então vai logo e não reclama!"
Então Ramirez colocou a lâmpada queimada no bolso, e foi rumo ao banheiro, depois de algum tempo ele sai de lá segurando pra não rir, como uma criança que acabara de fazer uma travessura. Por sorte não apareceu ninguém, o plano ocorreu tudo bem, e pelo tempo que Ramirez demorou ele deve ter aproveitado pra usar o banheiro para outras finalidades.
Agora com o problema de luz resolvido, já era algo a menos há se preocupar, mas era engraçado ver que no segundo dia as coisas não paravam de se complicar, e se não arrumássemos logo alguma solução pro repelente elétrico ao qual havia acabado o refil, aí sim a situação ficaria literalmente preta, preta de tantos insetos que comeriam a gente vivo no meio daquele mato onde judas perdeu o All star.
Por sorte havia lembrado que um dia viu na televisão que tinha uma planta que podia ser usada como repelente pra insetos, e a tal planta chamada capim-limão era muito fácil de se achar por ali, agora bastava torcer pra que funcionasse, mas isso descobriríamos somente pela noite. Também havia ainda, o problema com a falta de comida, e não tinha jeito, o negocio era racionar comida pra não passar fome, o que seria mais difícil já que eramos quatro garotos mortos de fome.
Esse segundo dia começou de forma engraçada, o sol brilhava fracamente, lembrando ainda a noite anterior de muita chuva, que deixou muitas marcas, incluindo a lama que ainda não havia secado, então tínhamos que tomar cuidado para aquilo não virar uma bagunça total. Descobri que meu celular não tinha sinal, o que me preocupou um pouco, pois se precisássemos de ajuda não teríamos como ligar pra ninguém, e não fazia idéia se poderia ter algum telefone público ali por perto.
Próximo ao meio dia o sol já brilhava com um pouco mais de vontade, nessa manhã além de tentarmos solucionar alguns problemas, aproveitamos pra relaxar, ouvir música e se distrair um pouco, quando lembramos Truga de colocar suas coisas que estavam úmidas e mal cheirosas em algum local pra tomar sol, afinal não saberíamos o que seria mais difícil nessa noite, o colchão mal cheiroso do Truga, os mosquitos, a probabilidade de não ter luz, ou o sapo que podia sair da dispensa onde estava preso.
Depois de um divertido churrasco onde ninguém sabe fazer quase nada mas dá palpite, fomos nadar, eu aproveitei pra dar umas caminhadas e conhecer melhor o local, além do mais havia momentos que preferia estar sozinho, talvez pelo motivo de muitas vezes ter medo de não conseguir controlar alguns impulsos que tinha ao ficar próximo demais dos meus amigos, em especial ao DM é claro. Acabei descobrindo uma parreira de uvas, e aproveitei a oportunidade pra levar algumas escondidas para comermos depois, só que por azar o cara que cuidava do local acabou vendo e algum tempo depois chamou a nossa atenção e disse que não podíamos pegar frutas e outras coisas do local.
Foi realmente um azar o cara ter visto, mas valeu a pena, mesmo levando uma bronca feia, no final a gente acaba rindo das situações. DM e eu percebemos algum tempo depois, que as coisas que Truga havia colocado em uma cerca ali perto não estavam mais lá, então corremostodos em direção a cerca pra saber o que havia acontecido, talvez o vento poderia ter derrubado, mas ao chegar lá, percebemos que não tinha sido vento coisa nenhuma, mas sim as vacas, isso mesmo, as vacas devem ter pensado que o cobertor e colchão fedorento do Truga fosse algum tipo de queijo exótico e tentaram comer.
Nem mesmo o shorts de DM que estava molhado e ele havia colocado pra secar ficou livre do ataque das vacas malucas, por sorte estava tudo inteiro, o máximo que havia acontecido era que haviam sujado um pouco por cair no chão, mas isso nos rendeu alguns bons momentos de risos, depois escolhemos melhor o lugar para pendurar as coisas para que não acontecesse o mesmo mais uma vez.
O resto da tarde eu resolvi ficar sozinho ouvindo música e pensando na vida, enquanto os outros três pareciam disputar quem tirava mais água da piscina de tanta bagunça que faziam ao nadarem, algum tempo depois DM apareceu de surpresa. Eu não podia disfarçar minha cara de tristeza que fazia ao pensar em algumas coisas da minha vida, o que me deixou sem jeito, não queria que ele me enchesse mais uma vez de perguntas, a verdade é que não sabia se queria ser ouvido ou não, e sabia que ele não ia largar do meu pé sem me ver animado ou ouvir o motivo de estar cabisbaixo .


[continua]



quinta-feira, 17 de abril de 2008

3 dias para recordar - parte 4


Ao voltarmos para a barraca que agora era na verdade um alojamento, DM resolveu ir trocar de roupa, enquanto eu fui ver o que Ramirez e Truga estavam fazendo ali próximo, em uma churrasqueira.
"Que tão aprontando agora? já esta tarde vocês vão ficar ai fora ?"
"D! vem dar uma olhada nisso, olha o que eu e o Ramirez achamos!"
Eu curioso cheguei mais perto da churrasqueira e no fundo dela havia mias um enorme sapo.
"Caramba! eu não acredito! isso aqui é a terras dos sapos gigantes? tá louco! e como vamos fazer o churrasco amanhã se esse sapo continuar ai?"
"Ah D, eu que não vou tirar ele, o máximo que posso fazer é cutuca-lo até ele ir embora"
Um bom tempo depois de tentar espantar o bendito bixo sem nenhum sucesso.
"Putz, essa praga não vai embora! desisto de cutuca-lo, e é melhor nem chamarmos o DM senão ele vai zuar com a gente mais uma vez"
"É mesmo D, pior que é melhor a gente parar de tentar espanta-lo, quem sabe ele não acaba indo embora por conta própria, minha mãe diz que esse bixo é perigoso, ele pode esguichar xixi nos seus olhos e aí você fica cego!"
"Derr Ramirez, isso é lenda urbana cara! bom eu tenho uma idéia, se a gente assustar ele com fogo talvez ele vá embora!"
"Boa iédia D, vou buscar o álcool !"
"Truga só toma cuidado pra não por muito, senão você vai matar ele !"
"ops, acho que foi demais... mas vai joga logo o fósforo antes que o álcool evapore!"
"Caraca! o sapo tá pegando fogo O.o"
"hahahaha, isso é muito engraçado, parece o groxo de fogo! é uma nova habilidade!"
"hahaha! eu sabia que esse bixo era um X-man!"

Confesso que sabia a idiotisse que estava fazendo, sempre abominei qualquer tipo de crueldade, mesmo com os animais, mas o Truga não gostava muito deles, principalmente de gatos, nunca entendi muito bem o motivo, mas certa vez ele viu um gato na rua, ele girou muito o bicho pelo rabo e depois soltou, e o gato foi pousar em uma arvore bem alta do outro lado da esquina. Nesse dia critiquei tanto ele, que o que ele estava fazendo não era certo, e agora começava a ver que o que eu estava fazendo não era muito diferente, mas foi dificil segurar a risada diante dos comentários imbecis que eles faziam.
Como eramos fã dos x-men, e existe um personagem meio sapo chamado groxo, as comparações feitas eram engraçadas, eles eram os moleques mais cheio de humor negro que já conheci. Algum tempo depois DM aparaceu pra saber os motivos dos risos.
"O que tá havendo?"
"DM vem ver isso, tinha um sapo na churrasqueira, ai colocamos um pouco de alcool pra espanta-lo! só que ..."
"Caramba! vocês são bestas? pra que fazer isso cara? nossa, não é bom fazer essas coisas com os bixos, dá muito azar, vocês não iriam gostar se fizessem o mesmo com vocês!"
"... calma cara! a gente não matou ele não, a gente só queria espanta-lo pra poder usar a churrasqueira amanhã e ..."
"Não importa D, isso não é coisa que se faça, agora deixe o sapo em paz que amanhã aposto que ele não vai mais estar aí!"
E virando as costas e caminhando em direção ao alojamento muito frustrado ele nos deixou pra trás, talvez não tanto quanto eu estava comigo mesmo, o DM tinha razão, o que a gente fez foi crueldade e sem motivo, e apesar de Truga e Ramirez nem terem dado muita bola pra o que tinha acabado de acontecer, eu tinha aprendido a lição, e sempre soube que nada nessa vida fica em pendências, fiquei pensando no que DM disse, e talvez pela enorme culpa que estava sentindo, fiquei imaginando se realmente poderia acontecer alguma coisa ruim com a gente como castigo pelo o que havíamos feito.
No alojamento improvisado, o clima de bronca parecia ter passado, Ramirez e DM jogavam cartas, e Truga ouvia músicas. Depois jogamos algumas partidas de truco para ensinar Truga, e para se distrair até o fim da noite. Eu demorei muito para aprender jogos de cartas, meu pai me proibia de jogar, me ameaçava com castigos e tudo mais, ele sempre dizia que jogos de cartas não são coisas boas, eu nunca soube direito, mas acho que meu pai jogava quando era novo valendo dinheiro, vai ver o medo de que eu acabasse se viciando em jogos fazia-o ser rigoroso comigo e talvez algo semelhante também acontecia na casa do Truga, já que ele não sabia jogar quase nenhum jogo de baralho.
Lá fora ouvíamos barulhos e movimentação, bem perto de onde estávamos dormindo estava acontecendo uma festa, provavelmente entre familiares do dono do local, então já que nosso alojamento não chamava quase atenção, algumas crianças curiosas se aproximavam pra ver o que havia ali. Truga, Ramirez e DM aproveitaram pra assusta-las, além de fazer teatro de sombras que refletia do lado de fora da lona cor laranja. Isso nos rendeu boas risadas, sem falar que os teatrinhos que eles faziam para as criancinhas eram totalmente pornográficos.
Quando já estávamos exaustos, chegava a hora de dormir a primeira noite longe de casa, foi um pouco dificil pra se acostumar, e até o repelente elétrico fazer efeito e espantar um pouco dos insetos, sem contar que o cheiro do colchão de Truga que foi o que ficou mais tempo na chuva estava horrível, tinha cheiro de chulé muito forte, e recomendamos que ele colocasse o mesmo no varal pela manhã, além de que sempre quando olhava pra porta da dispensa que tinha próximo ao piso onde estávamos deitado, lembrava do outro sapo que o DM havia prendido e imaginava se ele poderia escapar dali, e fazer vingança pelo o que tínhamos aprontado.
Quatro garotos reunidos longe de toda censura, isso era muito convidativo para papos sexuais, e admito que sempre gostei somente de ouvir, e tinha receio de que algum colega me fizesse alguma pergunta mais indiscreta, tinha medo de ser motivo de chacota por não ter nenhum tipo de experiência com garotas.
O que me fazia sentir um pouco seguro era que meus amigos também eram virgens, até onde eu sabia, então as conversas sempre eram de suposições. Ramirez logo começa com o papo.
" Cara, bem que podiam ter garotas aqui não é?"
"Claro Ramirez, sonha que os pais de alguma delas deixariam, os seus mal deixaram você que é homem! hahahaha! não é mesmo DM?"
"Ahh sei lá D, mas bem que seria muito bom se a Flavinha estivesse aqui, imaginem, aquela bunda, aqueles peitos....um tesão!"
"Fala sério! vocês tão batendo punheta!? hahaha ! tá loco vocês são pervertidos cara!"
"nem vem D, eu não tô fazendo nada!"
"Você não truga! mas esses dois tão se acabando! meu, na boa, não dá pra vocês fazerem isso em casa? vocês não tem vergonha de fazer isso com a gente aqui ?"
"Ah! para D, aqui nós somos todos homens ué, todo mundo faz isso!"
" ... bom, desisto de discutir, só não façam barulho por favor!"
Apesar do recado, não adiantou muito, pois ao longo da noite tive que ouvir o quanto os peitos da fulana era durinhos, o quanto a xerenga da ciclana era raspadinha e blá blá...truga era o único que não participava e nem incentivava, ele era o mais tímido e o mais "robozinho", as vezes custava lembrar que ele era um garoto de verdade por agir quase que o tempo todo corretamente.
A verdade é que por mim eles podiam até continuar, não vou mentir que não estava gostando e ficando excitado, não com os papos obviamente, mas sim com eles, e de vez em quando eles se exibiam e se mostravam, foi uma noite difícil de se segurar. Eu ainda não aceitava muito bem a idéia de sentir-se atraido pelos amigos ou pessoas próximas, achava isso era um grave pecado, mais do que sentir atração por alguém do mesmo sexo, sentir atração por um amigo era imperdoável, alias tudo pra mim era pecado, e infelizmente a maioria de meus desejos sempre foram maiores que minha alta censura.
Depois dessa noite, imeginei que nos próximos dias tudo podia acontecer, e já tinha uma coisa em minha cabeça, se de alguma maneira existir provocação, eu não iria conseguir me segurar por muito mais tempo não. E assim quando amanheceu o dia, comecei a preparar o café, e percebi o quanto meus amigos comiam, eram mais esfomeados que eu, e vi que o que eu havia imaginado que seria suficiente de comida para os três dias já estava acabando.
Isso foi só o começo de algumas coisas que repentinamente começaram a dar errado. Sem motivos a lâmpada nova queimou, e não podiamos ficar ali a noite no escuro, seria impossivel, além de o refil para repelir os insetos também havia acabado, fora outras coisas que começam a complicar, será que era a maldição do sapo boi? precisavamos pensar imediatamente em algumas soluções.


[continua]


sexta-feira, 11 de abril de 2008

3 dias para recordar - parte 3


Lugar para se abrigar da chuva até tinha, mas em qualquer um que fôssemos estava uma bagunça pela falta de limpeza, já que provavelmente eles davam um geral um pouco antes de abrir nos fins de semana, e ainda era sexta-feira, sem falar a lama que a chuva tinha feito contribuindo ainda mais.
DM achou uma área coberta onde ao lado também havia uma peça bem pequena com porta onde era usado como dispensa. O chão da área estava imundo, mas o local apesar de bagunçado era bem grande e serviu de abrigo para nós três, Ramirez, DM e eu, já que Truga ainda estava na barraca e parecia nem se importar que aquilo tudo estava desmoronando em cima dele. Minutos depois ele aparece com seu colchão e suas coisas e junta-se a nós, não podíamos fazer outra coisa a não ser rir, o Truga definitivamente não era muito normal, alias nenhum de nós eramos.
" O que a gente vai fazer?" Perguntou Truga que agora parecia mais preocupado com a situação.
" A gente não pode mais nem pensar em voltar pra barraca, mesmo que parar de chover! não sabemos se nos próximos dois dias o tempo vai ficar assim." DM respondeu com voz cansada e desanimada.
"Bom, tenho uma idéia, já que estamos aqui por que não pedimos pra ficar?" Sugeri aos três.
" isso aqui tá muito sujo, deve ter tudo que é bicho aqui! a não ser que a gente limpe"
" Mas a gente VAI ter que limpar aqui Ramirez, sem dúvida. E DM, acho que você podia ir pedir se podemos ficar pro cara que cuida aqui não é?"
"Pois é... eu sabia que não demoraria muito pra sobrar pra mim..."
"E aproveita e pede um material pra limpeza... !"
" Tudo bem, mas enquanto eu faço isso tentei arrumar o que puderem."
" Ramirez, acho que eu vi uma vassoura aqui por perto, acho que vamos precisar de mais de uma, então se tiverem mais algumas pelo caminho..."
E enquanto DM pedia permissão pra ficarmos naquele local, eu Ramirez e Truga tentávamos transformar a área em um lugar que pelo menos desse pra 4 pessoas dormirem, pouco tempo depois DM aparece com baldes, panos e rodos. Acho que o pessoal de lá devia ou estar rindo muito de nós, ou com muita pena e depois de algum tempo :
" Cara! que que é aquilo ali!"
"Orra!, é um sapo!"
"SAPO! ......"
"Perai D, onde que você vai?"
" !!!!!"
" Mals galera, mas eu tô caindo fora também! D espere por mim!"
" DM, isso é com você.. boa sorte..."
"Até você Ramirez? galera volta aqui, alguém tem que tirar ele daqui !"
"DM, desculpa cara! trauma de infância, se tem algo que eu não suporto nem mesmo ver nesta vida é sapo."
" D, você é um cagão isso sim! e você Truga? para de brincar e vem logo!"
" Ah DM, eu até ajudaria, de verdade, mas eu também tenho sérios problemas com esse bicho, e olha o tamanho, é quase um cachorro saltador!"
" ¬¬ nem vou perder tempo ouvindo suas desculpas também né Ramirez? Cambada de medrosos! 3 machos tremendo pra um sapinho, me dá esse rodo aqui que eu faço sozinho!"
E chateado por ninguém ter coragem suficiente pra espantar o bicho, DM bancando o valente foi empurrando o sapo com o rodo pra tentar fazê-lo ir para fora da área, mas sem querer o sapo acabou pegando outra direção e entrando na dispensa, onde DM nem pensou duas vezes, trancou o bicho lá. Foi uma cena muito engraçada, não posso negar que também um alivio, além do sapo não poder mais incomodar a gente, era bom saber que não era só eu que tinha traumas e medos que me faziam parecer "fresco".
Acho que não podíamos ter ficado com um lugar melhor pra passar a noite, o chão ao menos não era irregular, e não precisávamos mais se preocupar se chovesse nos próximos dias, depois prestando atenção, o lugar parecia um tipo de garagem, e havia um lado que não era coberto, então improvisamos com a lona para cobrir o lado da parede que faltava e também usar como porta.
Tudo resolvido até então, tínhamos que tomar banho, estávamos muito sujos, e lá não havia chuveiro a não ser o que ficava próximo a piscina pra tomar a ducha antes de entrar na água, e esse foi nosso chuveiro ao ar livre nos próximos dias. Depois do banho, Truga e Ramirez voltaram para a barraca para ouvirem musica e jogar uns jogos que eles haviam trazido, e eu fiquei para entrar na piscina a convite de DM, de inicio pensei até em recusar o convite, o tempo continuava fechado, a qualquer instante podia chover novamente, sem falar que ventava e estava frio, mas achei que seria muito triste ficar só em uma piscina sem a companhia de ninguém.
"Você tinha razão! a água esta muito boa, pensei que estaria um gelo!"
"Não te disse D, e você ia perder de entrar na água logo no primeiro dia!"
"Verdade, tá quase escurecendo né? que dia foi esse..."" Nem me fale, já estou exausto! heheheh"
" Que foi? porque tá rindo?"
" Eu não sabia que você tinha medo de sapos, foi hilário a cara de vocês!
"Ah, nem começa, você também estava com medo, só que nem tanto quanto a gente, eu percebi enquanto você espantava aquele bicho!"
" Hehehe, você tem razão, mas alguém tinha que fazer não é?"
"Ainda bem que a gente tem um macho pra nos socorrer hahahhahaha!"
" Para de me zoar seu mala..."
"Putz, tá começando a chover mais uma vez! vamos sair?"
" Não... fica aí... não vai não cara..."
" ... Tá bom.. mas você sabe que não é legal ficar em piscinas com um tempo desses."

Pra mim era uma situação muito difícil estar a sós com DM, eu confesso que adorava sempre que isso acontecia, com tanta gente disputando sua atenção, era dificil podermos conversar sobre coisas que queriamos, e trocar confidencias com tanta gente por perto, mesmo porque DM era um amigo muito especial.
Qualquer garoto nessa idade adora falar sobre sexo e garotas, o que pra mim sempre não era algo tão agradável, apesar de ter 16 anos ainda não estava seguro quanto aos meus sentimentos. Ao mesmo tempo que era a sensação mais maravilhosa do mundo estar ali com um grande amigo, sabendo que você é importante no mundo pra alguém, e que o memso é importante pra você, era horrivel não saber o que realmente estava sentindo por DM.
O medo e a confusão que se passavam em minha cabeça toda vez que imaginava estar gostando de DM mais que um melhor amigo era grande demais, era um fardo já carregado por um bom tempo e algo que nunca consegui lhe dar muito bem.
No inicio sempre imaginei que amigos de verdade eram inseparaveis, eram como irmãos, e eram assim que aconteciam com a gente, DM me falava de seus problemas com sua familia, das milhares de garotas que ele ficava, e das outras tantas que estavam afim dele, e eu sempre só falava dos meus problemas que basicamente resumiam-se a minha familia, já que outras coisas nem eu mesmo entendia muito bem e tinha medo de ser confundido e mal interpretado.
Cheguei a pensar certa vez, que o que sentia por DM era inveja, afinal ele era bonito, legal, uma das pessoas mais incríveis que conheci, todos queriam ser seu amigo e as garotas não saiam do seu pé, e eu , um simples coadjuvaste querendo ser um DM da vida, mas e quem não queria ser como DM? Ser popular, ser bem visto e sentir-se querido por todos. Depois de um tempo achei que podia ser normal um melhor amigo gostar tanto do outro, afinal existem tantos outros por aí que não se desgrudam, não saem uns da casa do outro e até são ciumentos, e a gente não era desse jeito, ou eramos ?
DM era a única pessoa em que confia, que conversava sobre quase tudo abertamente, a unica pessoa que havia me consolado quando tomei um baita toco da unica garota que amei, o unico que me incentivava a ser mais confiantes com as garotas. Mas seria possivel? será que eu estava gostando do DM mais que melhor amigo? será que um garoto pode gostar de outro mais que melhor amigo? Talvez eu não soubesse o que realmente sentia, ou talvez eu simplesmente tivesse muito medo do que estava sentindo, e era sobre isso que sonhava acordado enquanto os fortes pingos da pesada chuva caiam em meus rosto, nós estávamos dividindo um colchão de ar, e boiávamos na piscina os dois em lados opostos, onde seus pés ficavam próximo a minha cabeça.

" Você tá quieto há um tempão D, o que você tá pensando? tá com algum problema cara?"
" ..."
" HEY! Perguntei porque tá tão quieto!?"
" Desculpa mano! o barulho do vento e da chuva tá muito alto! acho melhor sairmos daqui antes que um galho caia em nossas cabeças."
" Tudo bem, vamos sair! foi divertido né?"
" Muito! .... DM, posso te falar uma coisa?"
" Claro que pode! chora ..."
" Você é o melhor amigo que alguém pode ter!"









[continua]

quarta-feira, 9 de abril de 2008

3 dias para recordar - parte 2



É incrível como pra alguma coisa dar errado, a mesma acontecer com tanta facilidade, mas quem disse que isso nos desanimava, ao contrário, isso fazia com que nós ríssemos de toda situação. E ao chegar lá, naquele fim de mundo onde mal passava um ônibus, ao conversar com a responsável pelo camping, a mesma disse que não autorizava que garotos acampassem, já que ela tinha muitos problemas com jovens que bebiam e faziam a farra, perturbando os poucos moradores que existiam ali. Nem mesmo o dom que DM tinha para conquistar as pessoas funcionou com a mulher que era um tanto rabugenta, ficamos todos desapontados, mas já havíamos decididos, chegamos até ali, acamparíamos na rua se fosse preciso, mas não precisamos ir muito longe não, a poucos metros dali havia um balneário, eu nunca havia entrado, mas sabia que muitos falavam mal, ao contrario do camping anterior onde parecia muito mais divertido, este parecia mais simples, mas de qualquer maneira tinha piscina, grama, churrasqueiras e até mesmo uma lanchonete que funcionava nos fins de semana. Infelizmente não tínhamos outra escolha, e até mesmo o preço mais barato nos convenceu rapidinho.
Acontece que nesses lugares a cobrança é feita de modo diferente do que estávamos acostumados e também havíamos imaginado, por exemplo se fôssemos ficar a tarde toda lá, seria um preço por pessoa digamos, mas como ficaríamos tarde e noite, ele nos cobrou dobrado! e eu era o que tinha levado mais dinheiro, e com muito dó, dei quase tudo o que tinha, nos sobrando quase nada nem mesmo pra voltar de ônibus se quiséssemos, mas achei que já tínhamos ido muito longe pra passar a vergonha de voltar pra casa.
Imediatamente começamos a descarregar toda a mudança da caminhonete do irmão do Truga, acho que finalmente nós quatro poderíamos curtir sossegado o tão planejado final de semana, era uma sexta-feira meio nublada, não havia ninguém lá a não ser eu, Ramirez, Truga e DM, uns poucos funcionários, e o irmão de Truga que já estava indo embora nos desejando um bom acampamento e dizendo que voltaria para nos pegar domingo a tarde.
Foi só o irmão de Truga partir, para o DM por roupa de banho e correr desesperadamente para piscina, não demorou muito para Ramirez e Truga os seguirem, deixando eu para trás com cara de idiota e um monte de tralha no chão próximo a um quiosque. Ramirez tinha piscina em casa, e em alguns momentos tínhamos a oportunidade de nadar nela, uma coisa muito diferente acontecem com meus amigos, eles parecem gostar mais de água que peixe, eles podiam trocar tudo na vida por um simples mergulho na água, exceto Truga, que não sabia nadar, e vai ver por isso não era tão fã quanto os outros. Mas a eu acho que na verdade é por ele ter vergonha de não saber nadar e as pessoas ficarem no pé dele como sempre costumávamos a fazer, do que qualquer outra coisa. Eu tentava incentiva-lo sempre a aprender, mas ele dizia que não via utilidade nisto, o que eu sempre discordava lembrando sempre a ele das várias vítimas de afogamento, mas o Truga sempre foi uma pessoal difícil de lhe dar, era um cabeça dura e persistente.
Enquanto a galera nadava e quase esvaziavam a piscina de tanta empolgação, eu tentava armar a barraca com um idiota, e tentava deixar tudo organizado, até que cansei e fui ironicamente perguntar aos outros se não era melhor a gente deixar tudo arrumado antes e depois cair na piscina e aproveitar tranqüilamente.
"Ahhh ! "D" relaxa! afinal a gente veio pra isso não foi?
" Relaxar? cara você já olhou para o céu? tá vindo a maior chuva, você quer que o cd player da minha mãe queime? quer ver todas nossas coisas encharcadas? então ótimo, fique ai... não sei como podem gostar tanto de água desse jeito, está frio sabia?"
"Aí fora está frio,mas aqui a água tá muito boa!"
" É D! entra ai!. Ramirez e Truga apoiando DM."

E chateado pelo pouco caso dos colegas resolvi voltar e levantar acampamento sozinho. O tempo realmente estava se fechando, era o que faltava, depois de tudo ainda chover! minutos depois os 3 apareceram oferecendo ajuda, acho que de certa maneira eles pensaram no que eu disse e começaram a agilizar.A melhor parte de um acampamento é projetar a barraca, e como não tínhamos aquelas barracas fáceis de montar e prontinhas, o negócio era criar uma apenas com uma lona e cordas. Cada um dava uma sugestão de como montar, até que no meio da bagunça começa a garoar, pro nosso desespero, armamos a barraca o mais rápido que podemos, e ao final Truga batizou-a de cafofo do Ozama, que era o que mais parecia mesmo.
Quando a chuva realmente começou a cair, felizmente estávamos todos abrigados, um pouco exprimidos porém confortáveis, já que a lona era muito grande e coube tudo muito bem.Conversávamos, riamos, contávamos histórias de terror, a chuva até que não nos incomodávamos, fazia tudo parte da nossa grande aventura. E algumas horas depois de piadas e conversas, eu sinto algo gotejando, havia uma goteira bem acima de mim.
"Droga, acho melhor ir lá fora, tem uma goteira bem encima de mim, vou tentar concertar!"
"Ih!, perai D, tem mais algumas goteiras bem ali, aproveita já...e... cuidado com a lama..."
"Ahh que saco, galera melhorou? putz, to me sujando todo de lama aqui :s"
" Não cara! tá piorando, perai que eu também vou ir ai ajudar..."
"Truga! Ramirez ! e agora? melhorou ai dentro?"
"Não , tá gotejando mais... Truga !, levanta daí, você não vai fazer nada?"
" D, por acaso essa lona é impermeável?"
" errr, sei lá... eu também não imaginava que choveria..."
"caraca, essa lona não é impermeável... que que a gente vai fazer mano!"
" ZZZZZZZ"
"ACORDA TRUGA! como você pode durmir agora cara, tá chovendo em cima de você, teu colchão tá molhado!"
" ... me deixa cara..."(cobrindo-se ainda mais com o cobertor)
"Que merda, o que a gente vai fazer? se estragar o cd player da minha mãe ela me mata! e se molhar nossos colchões como vamos dormir?"
Então não vendo alternativa, DM pede para todos enrolarmos as coisas que podiam estragar em cobertores, pegar o que podíamos de preferência as coisas que não podiam molhar e segui-lo, tinhamos que achar um lugar para proteger nossas coisas logo, e nesse corre-corre, Truga estava deitado tranqüilamente, enrolado em seu cobertor dentro da barraca, como se nada estivesse acontecendo.

[continua...]




segunda-feira, 7 de abril de 2008

3 dias para recordar - parte 1



Sempre gostei de aventuras, e não existe pior tortura para pessoas como eu do que cair na rotina. Lembro que em certa época do ano de 2003, tinha apenas 16 anos e um mundo de dúvidas, que só não eram maiores do que meu mundo de idéias.
Minha cabecinha podia ser comparada a uma grande panela de pipoca, onde a cada segundo planos e mais planos estouravam, e numa dessas tive a brilhante idéia de programar um feriadão perfeito, com amigos, fogueiras, risadas, e diversão, mas é isso... é perfeito, um acampamento! Mas antes de divulgar tal idéia seria bom primeiro verificar todos os detalhes como disponibilidade dos amigos, tempo, datas, e claro o mais importante e difícil, autorização dos pais. era bom fazer uma lista também, de coisas que eventualmente precisaríamos, afinal três dias longe do conforto de casa seria preciso pensar muito bem no que levar. Barraca, lanternas, comida, jogos, música e tranqueiras inúteis que fazem volume mas nos dão conforto, tudo planejado, agora acho que tá na hora de uma opinião de algum amigo.
DM era meu melhor amigo, um cara que sempre apoiou minhas idéias, sempre me incentivou e me admirou, não tanto talvez quanto eu o fazia por parte dele, afinal era ótimo ter um amigo popular, bonito, alegre, a qual todos queriam se aproximar e ter contato, talvez a beleza ajudasse nisso, ou talvez ele fosse um cara muito carismático mesmo, ou quem sabe os dois juntos o faziam quase perfeito.
" Oloco "D"! claro que vamos sim, é perfeito, ainda mais com a chegada desse feriadão ai!"
" Você acha mesmo DM? sei lá, eu ainda não sei quem chamar, sabe .. é complicado.."
" Pois é, e as meninas? pensou em chamá-las? "
" Na verdade eu até pensei... mas eu acho que só vai ser dor de cabeça, você acha que a mãe de alguma delas deixaria elas acampar com garotos? só se elas fossem malucas, e mesmo assim a responsabilidade seria toda nossa, seria um saco, não quero cuidar de ninguém! "
" Pensando por esse lado... sem falar que são cheias de frescuras, imagine-as no meio do mato, vamos só chamar os moleques então!"
E durante a semana convidamos todos os amigos que tenhamos mais contato, apesar da vontade de muitos, era quase impossível que fossem, afinal eu com 16 anos era o mais velho, e no fim das contas os que tinham maiores possibilidades de irem mesmo eram DM, Truga e Ramirez, os três com 15 anos. Talvez por serem ótimos filhos e seus pais terem mais confiança, ou talvez por serem mais liberais mesmo e pouco preocupados, o que eu acho mais difícil.
Todos nós eramos ótimos amigos, crescemos no mesmo bairro e fazíamos quase tudo junto, mas as aventuras anteriores resumiam-se a jogar futebol na rua, jogar video game até altas horas da noite, ir para festas, construir clubes em árvores e demais atividades do gênero. Os clubes que construíamos em árvores geralmente só nos rendiamos trabalho duro e competitividade, já que dificilmente alguém predisponhava-se a dormir no clube e fazer a vigília, motivo pelo qual não eram muito duradouros. Certa vez um garoto morador da favela que quase todos odiávamos, invadiu o clube pela noite e defecou lá dentro, foi o fim de mais um clube, já que era impossível jogar baralho ou fazer qualquer outra atividade interna devido ao cheiro que se impregnou e nunca saiu nem a base de detergentes potencializados.
Morávamos próximo a algumas favelas, eramos garotos de classe média baixa, mas classe social nunca nos limitou em nossas amizades, tinhamos amigos ricos, pobres, e muito pobres ao qual sempre nos reuníamos diariamente na rua para brincarmos de qualquer coisa. Mas também era bem fácil se meter em encrenca já que os meninos moradores da favela pareciam adorar se sentir mais poderosos se alguma maneira, mesmo que na força bruta.
Quando finalmente de todos as pessoas que convidamos, somente os quatro: DM, Ramirez, Truga e eu confirmamos com a familia a ida para o acampamento, reunimos tudo o que iríamos levar de uma lista que fiz chamada de "coisas essenciais", já que a intenção era ir pra se divertir e não passar apuros. No dia antes de partimos surgem os primeiros problemas, a quantidade de coisas que se juntará deixava praticamente inviável a possibilidade de ir de ônibus como planejado, além de que aconteceram alguns problemas com a família de Ramirez ao qual sua familia acabou proibindo-o de ir, aquela velha história, preocupações entre outras coisas.
Felizmente o problema de como levar as tralhas foi resolvido, a familia de Truga trabalha fazendo mudanças, e o irmão de Truga disse que nos levaríamos junto com as coisas até o local que era bem afastado da cidade. Agora faltava apenas o menor e mais difícil detalhe, conquistar a confiança dos pais de Ramirez para que o mesmo pudesse liberar o filho para ir conosco, a tarefa ficou pra mim e para o DM, isso para nós era a coisa mais chata de se fazer, quando a gente já passa dos 12 anos, começamos a percebe o quanto os nossos pais ainda insistem em nos tratar como bebês, e pedir permissão pra tudo é o que nos faz sonhar nessa idade em ter 18 anos logo. Por sorte o DM era a pessoa mais cara de pau que já conheci, e o filho da mãe tem uma lábia do caramba, e eu, não sei, diziam que minha cara de garoto responsável o "menino de Deus" sempre ajudava nessas coisas, e talvez por isso, depois de uma longa conversa com a mãe e depois com o pai de Ramirez conseguimos o seu passe para três dias longe de regras, familia chata, e mesmices, dava pra ver na cara de Ramirez a alegria por poder estar junto com a gente nessa que prometia ser uma grande aventura, alias, todos estávamos muito felizes por podermos ficar um pouco longe de nossas rotinas chatas.
Poucos instantes antes de partir tem toda aquela cerimônia chata de recomendações e conselhos por parte de nosso pais, os meus eram muito autoritários, pra dormir na casa de um vizinho era impossivel, meu pai sempre todo preocupado e sempre pensando nas piores possibilidades, os pais de DM eram sossegados, ele tinha muita intimidade com a mãe e seu pai pouco se importava com que ele fazia da vida, já os pais de Ramirez e Truga os tratavam como se os mesmos tivessem 3 meses de idade, ficavam no pé e eram sufocantes, tinha até um pouco de receio da ida deles, imaginando que era capaz dos mesmos aparecem lá 5 minutos depois que chegassemos para nos vigiar.
Minutos depois estavamos na traseira de uma caminhote rumo ao fim do mundo e em busca de diversão, não dava para acreditar que em poucos instantes estariamos armando acampamento e ficaríamos 3 dias fazendo o que bem entendêssemos sem dar satisfações a ninguém!


[continua]

Inserir Título

Ainda não define qual o tema central deste blog, se é que algum dia ele terá. Mas enquanto isso tentarei terminar a construção dos sonhos.